ATORES BAILARINOS DA COMPANHIA DE DEBORAH COLKER: UM ESTUDO SOBRE RITUAL E ESPETÁCULO

Resumo

O objetivo deste estudo é reconhecer os aspectos do ritual e do espetáculo no discurso dos atores bailarinos da companhia de Deborah Colker.Trata-se de um estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa. Foram realizadas quatro entrevistas utilizando-se de associação de idéias às palavras indutoras: dança, espetáculo, ilusão, corpo, ensaio, risco, Rota, Velox, palco e platéia. Essa técnica projetiva busca captar o simbólico do indivíduo. O exame qualitativo da semelhança, da diferença e da contigüidade entre as idéias permitiu a pontuação das relações entre os elementos que despertaram os sentidos desses bailarinos. As apresentações da companhia de dança contemporânea de Deborah Colker são consideradas performáticas. Por performance entende-se, segundo Almeida (2008), uma série de manifestações típicas do mundo contemporâneo que procura englobar elementos do espetáculo (estético), do ritual (sinestésico) e da contemplação. Atores e espectadores, ambos envolvidos na ação do espetáculo, de algum modo interagem, num elemento típico do ritual. Este, por sua vez, tem como foco essencial o praticante que, em sua atuação, pode desencadear diferentes níveis de intensidades sinestésicas, o que não é totalmente acessível a quem o contempla, pois mobiliza a subjetividade do ator. Embora a performance não tenha sido gerada para ritualizar, pode provocar isso. O espetáculo de arte, tal como a dança, é feito para ser visto, é expressivo, tem o objetivo de sensibilizar o expectador e, como linguagem comunicar uma mensagem. Ritual e espetáculo, entendidos sob a perspectiva do envolvimento e como eventos geradores de processos sensoriais complexos abrigam a idéia de redoma sensorial (ALMEIDA, 2008). As associações comuns foram: energia, caminho árduo, essencial, arte, físico ideal, imaginação, prazer, concentração, e espetáculo. O palco, no espetáculo de dança, representa o lugar sagrado. O ritual é vivido pelos bailarinos que sentem suas energias fluírem até alcançar o espectador que se envolve e as devolve numa comunhão bailarino/espectador.