POSSIBILIDADES DE UMA RELAÇÃO MAIS FLUIDA ENTRE AS PRÁTICAS ESPORTIVAS E A SUBJETIVIDADE INFANTIL. REFLEXÕES PRELIMINARES.

Resumo

O presente estudo constitui-se em uma reflexão preliminar que reúne resultados de duas pesquisas cujo objetivo principal foi o de compreender como a concepção de infância está concebida nos ideários e nos fazeres pedagógicos das práticas esportivas que constituem o cotidiano de um projeto social, na perspectiva dos atores que o constituem. Também explicita análises interpretativas sobre o papel que os discursos públicos podem exercer na consolidação das concepções de sujeito e de subjetividade infantil. O contexto investigado é um Projeto Social não-governamental, pedagogicamente organizado para atender crianças de periferia urbana que tem como eixo central da sua proposta político pedagógica a idéia de Educação e Saúde através do Esporte. Foram principais instrumentos de pesquisa: a análise de documentos, observações etnográficas e entrevistas semi-estruturadas. O processo analítico evidenciou que a influência da ideologia meritocrática, há muito tempo enraizada no pensamento liberal norteamericano, está fortemente presente nestes ambientes (governamentais e não-governamentais) pedagogicamente organizados para “educar” a infância a partir do desporto. A igualdade de oportunidade, chamada de “inclusão social”, é entendida como o ato de situar todas as crianças em um mesmo ponto de partida e facilitar a trajetória individual de cada uma dentro do sistema sem preocupar-se por políticas e ações que modifiquem suas diferenças individuais e coletivas, já que cada uma chegará, a partir daí, por esforço próprio, até onde mereça.