RELAÇÕES DE GÊNERO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DA CO-INSTRUÇÃO À CO-EDUCAÇÃO.

Resumo

Com base no pressuposto literário de que as turmas mistas oportunizam o desenvolvimento positivo das relações de gênero, o presente estudo objetivou investigar a existência de contribuições e limites de uma turma de Educação Física escolar composta de maneira mista (meninos e meninas juntos) em comparação às turmas feminina e masculina, no que se refere às seguintes variáveis: relacionamento com o outro sexo; conceito dos alunos em relação à capacidade do outro sexo na sala de aula e nas aulas de Educação Física; preconceitos e estereótipos de gênero para brincadeiras, atividades e companhia; preferência e pensamento com relação à formação de turmas de Educação Física baseada no sexo. Para tanto, realizamos um estudo de caso orientado pelo enfoque metodológico quanti-qualitativo. A amostra foi composta por 45 estudantes de ambos os sexos com idade média 12,8 anos, alunos de uma mesma professora de Educação Física que, apesar de contrária à formação de turmas mistas, se prontificou a participar da pesquisa compondo três diferentes turmas: mista, feminina e masculina. Os dados, coletados por meio de entrevista semiestruturada realizada antes e após o período de quatro meses de aula, foram analisados por meio da técnica da análise de conteúdo. Os resultados indicaram que a formação mista apresentou uma tendência favorável no que se refere ao desenvolvimento de algumas das variáveis analisadas e indiferente em relação a outras, o que nos levou à conclusão de que a formação mista das turmas de educação física pode configurar uma rica oportunidade de desenvolvimento de relações de gênero mais adequadas. No entanto, a simples junção de meninos e meninas na mesma turma não garante o pleno desenvolvimento dos aspectos investigados. Novos estudos precisam ser realizados com profissionais que defendam a co-educação com vistas a investigar os resultados de uma intervenção que supere a simples co-instrução.