MANIFESTAÇÃO CULTURAL NEGRA CARIOCA: A DANÇA DO JONGO DA SERRINHA E SUA HISTÓRIA

Abstract

O presente artigo versa sobre a cultura negra carioca a partir da história dos negros bantos, que, no período entre ametade do século XVII e XVIII, foram trazidos para o Brasil como força de trabalho em regime de escravidão. Além de seremexplorados no sistema de plantio e mineral, que era o foco econômico do Brasil, esses negros bantos também foram destinadosem massa para o sistema de trabalho urbano, em especial, no Rio de Janeiro, onde muitos serviram aos brancos durante operíodo colonial. Assim sendo, esse grupo passou evidenciar suas culturas religiosas de cantos e danças, fato que era renegadopelos brancos, especialmente, os europeus. Mesmo após a abolição da escravidão, em 1888, esses negros, que praticavamsuas culturas em suas moradias coletivas e particulares, sofriam a perseguição policial por suas atividades culturais. A cidade doRio de Janeiro, no final dos anos oitocentistas e início dos anos novecentistas, passou por uma reforma urbanística que levouessas pessoas, os negros, a ocuparem para os espaços suburbanos, especialmente, ao morro da Serrinha em Madureira, bairroda cidade do Rio de Janeiro. Boa parte desses negros, que outrora trabalhavam na cidade, bem como nas falidas fazendas decafé do Vale do Paraíba, fixaram residência nesse novo local e, num contexto familiar, de amigos e vizinhos, implantaram adança do jongo na comunidade em que estavam inseridos. E assim nasceu o Jongo da Serrinha, com base nas proximidadesentre comunidade, religiosidade e famílias moradoras do morro. Com o passar do tempo, nesse processo histórico, osorganizadores das rodas da dança do jongo abriram possibilidades de entradas de músicos percussionistas e pessoas de outrascomunidades em suas práticas culturais, o que deu visibilidade ao jongo, a ponto de levá-lo a categoria de Patrimônio Cultural doBrasil.