RACISMO EPISTÊMICO CONTRA A CRIANÇA AFROBRASILEIRA NOS PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO DO BRASIL.

Resumo

Numa perspectiva histórica, apresentaremos aspectos da afrobrasilidade na perspectiva dos desafios enfrentadospelas tradições quanto ao nascimento da criança em sua pertença étnica. Aprofundamos uma avaliação das sagradas matrizesafricanas trazidas para o Brasil na diáspora, por concordar que elas traduzem para a nossa cultura a “explicação” de umapossível personalidade africana, tributária em grande escala da nossa herança. Esta avaliação permitiu que abordássemos otema proposto sem deixar de compreender a ontologia e o pensamento ainda preservados nessas práticas e saberes religiososaqui no Brasil. Investigamos as origens do significado de o nascimento, vida terrena e espiritual, dentro de uma linhagemancestral, assim como as interseções destes aspectos no cotidiano dos entes humanos, numa interpretação das matrizesreligiosas que mais contribuíram para a formação de uma cultura afrobrasileira, respectivamente os povos bantos da ÁfricaOcidental e Central e os povos sudaneses da costa noroeste africana. Ressaltamos, na diáspora, a resistência e as estratégiasde hibridismo para garantir a tradição negada na formação da criança negra brasileira. Este o cenário étnico em que nasce acriança afrodescendente no Brasil. Nos processos de escolarização, encontramos as marcas e consequências de umepistemicídio permanente, perpetrado através da invisibilização, silenciamento, negação, demonização e violência.