ESPORTES DE AVENTURA E RISCO NA MONTANHA: UMA TRAJETÓRIA DE JOGO COM LIMITES E INCERTEZAS

Resumo

A Aventura e o Risco são temas importantes em um crescente universo de eco-turismo e atividades voltadas para o esporte. Partindo do conhecimento racional, sensível e simbólico, e pressupondo a existência de um discurso fundamentado nas características do sagrado em tais atividades, esta pesquisa foi realizada no campo do conhecimento imaginário social, incluindo as pessoas envolvidas na busca de esportes de eco-turismo, como lazer nas montanhas. Essa pesquisa qualitativa teve dois objetivos: (a) investigar a Aventura e o Risco expressos no discurso dos praticantes de esportes na natureza, e em sites da Internet relacionados à publicidade do tourism do tipo aventura; e (b) revelar os elementos simbólicos e míticos que emergem desses discursos. A estratégia metodológica adotada, fundamentada em Durand e Bachelard e Eliade e Caillois, foi a trajetória para alcançar o sagrado. Caillois e Duvignaud subsidiaram a noção de lúdico e jogo. Schiller forneceu a fundamentação estética. Foi realizada uma série de 11 entrevistas semi-estruturadas com montanhistas, representantes da escalada, da canoagem em rio e da caminhada (trekking). Aplicamos a análise do discurso de Eny Orlandi. A análise dos sites e dos discursos demonstrou que escalar uma montanha ou descer as corredeiras de um rio não são atos mecânicos. Exigem os rituais que aproximam os indivíduos da divindade, sacralizando suas vidas. Quanto mais vitoriosos, mais próximos chegam da religiosidade, vivenciando uma verdadeira aventura pessoal em nome da liberdade e transcendência. Na natureza, reencontram seu ser-natureza, a essência divina que existe dentro de si próprios. Dentro dos mitos que dão sentido às vidas dos que praticam esportes do eco-turismo, podemos identificar Prometeu, Ulisses, Ícaro, Dioniso, Hércules, mas cremos que podemos adotar como pregnante o mito de Apolo (Deus do oráculo), cujo simbolismo é a espiritualidade. Suas advertências muito vêm ajudando a tarefa de dar sentido à vida desses esportistas – ?Conhece-te a ti mesmo?-. O esporte na Natureza é regido pelo arcaísmo e o modernismo de Janus (senhor das passagens).