OBESIDADE: UMA BREVE REFLEXÃO HISTÓRICA DAS MUDANÇAS SOCIAIS E CULTURAIS NO PROCESSO DE ESTIGMATIZAÇÃO

Resumo

A obesidade, enquanto conceito transformou-se ao longo da história da sociedade. Num determinado momento era atribuído um valor estético, sendo aceita socialmente. Atualmente, sob a perspectiva da saúde o indivíduo obeso passa a ser culpabilizado pela sua situação, sendo estigmatizada socialmente. Desta forma, pontuar os aspectos ocorridos ao longo da história que levaram as mudanças sociais e culturais são relevantes para observar o desenvolvimento do processo de construção da estigmatização da obesidade. A reflexão com relação ao estigmatização da obesidade inicia-se na Idade Média, momento histórico que a obesidade era aceita, mas desaprovada pela igreja e aristocracia, passando pelo Renascimento onde os grandes pintores retratavam mulheres, sugerindo um padrão de beleza feminino pautado nas formas arredondadas. Mas com o processo de industrialização, reconhecimento da nutrição como importante área do conhecimento, contribuições da moda no referencial de estética magro iniciou-se o processo de estigmatização da obesidade. Em especial na sociedade brasileira observou-se momentos importantes que contribuíram para o processo de estigmatização, como: o rápido êxodo rural, a instituição do salário mínimo em 1940, a intensificação do processo de industrialização ocorrido a partir de 1970, a entrada da mulher no mercado de trabalho e a criação do Plano Real em 1994. Conclui-se que o processo de estigmatização da obesidade constitui-se de um processo histórico com transformações sociais e culturais que envolvem “[...] a medicina, a ciência, a arte, a religião, as questões de gênero, a moda, a mídia, como também uma série de códigos éticos e morais.” (STENZEL, 2002, p. 30-31). Por fim, há um entendimento que o processo de estigmatização da obesidade se intensificou a partir da segunda metade do século XX.